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As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram a sessão desta terça-feira (11) em queda, impulsionadas pela inflação dentro das expectativas e por núcleos e serviços do IPCA melhores do que o projetado. O dia também foi marcado por uma nova desvalorização do dólar frente ao real, apesar das tensões comerciais globais após a elevação de tarifas de importação pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Mercado de Juros e Reação dos DIs

 

No fechamento do mercado:

  • O DI para julho de 2025 ficou em 14,17%, pouco abaixo dos 14,174% do ajuste anterior.

 

  • O DI para janeiro de 2027 recuou 14 pontos-base, para 15,045%, ante 15,182% no ajuste anterior.

 

  • Entre os contratos mais longos, o DI para janeiro de 2031 caiu para 14,77% (-12 pontos-base), enquanto o DI para janeiro de 2033 cedeu para 14,72%, ante 14,824% no ajuste anterior.

 

Os recuos refletem uma leitura qualitativa melhor do IPCA e um menor volume de leilões do Tesouro, que reduziram a pressão sobre a curva de juros.

IPCA e sua influência sobre os DIs

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, contra 0,52% em dezembro, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa foi a menor taxa para um mês de janeiro desde a implementação do Plano Real, em 1994.

Com isso, a variação acumulada em 12 meses recuou para 4,56%, vinda de 4,83% em dezembro.

Os dados foram praticamente idênticos às expectativas do mercado, que previa um avanço de 0,16% no mês e 4,57% no acumulado de 12 meses.

Apesar de o índice cheio ter vindo em linha com o esperado, os núcleos de inflação e os serviços apresentaram surpresas positivas, o que contribuiu para a queda dos DIs.

Destaques do IPCA de janeiro:

✔️ Serviços subjacentes: Alta de 0,86%, abaixo do 0,93% projetado pelo Banco Bmg.


✔️ Serviços intensivos em mão de obra: Avanço de 0,79%, em linha com as projeções.


✔️ Média de núcleos de inflação: 0,60%, inferior à expectativa de 0,63%.

Para Flavio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, a surpresa positiva na abertura do IPCA foi um fator determinante para o recuo das taxas dos DIs:

“Pela abertura, subjacentes e núcleos vieram melhor que o esperado, então isso ajudou a aliviar. Mas, em termos absolutos, o número do IPCA ainda é ruim”, afirmou Serrano.

Getulio Ost, superintendente de renda fixa da SulAmérica Investimentos, destacou que os números trouxeram um alívio na precificação da Selic terminal:

“Não dá para falar que o IPCA foi benigno, mas dada a surpresa do IPCA-15 de duas semanas atrás, a expectativa era de um dado ainda pior. O IPCA veio melhor no qualitativo, o que ancora um pouco melhor a Selic terminal para algo próximo de 15,5%”.

Selic: Probabilidades e Expectativas

 

Os mercados seguem atentos ao comportamento do Banco Central, que elevou a Selic para 13,25% em janeiro e já sinalizou mais um aumento de 100 pontos-base na próxima reunião, em março.

A curva a termo já precifica 91% de probabilidade de uma elevação de 100 pontos-base no próximo encontro do Copom, enquanto as chances de um aumento de 125 pontos-base são de apenas 9%.

Entretanto, a grande dúvida do mercado é sobre o que acontecerá na reunião de maio. De acordo com os contratos de opções do Copom da B3 (BVMF:B3SA3), o mercado precificava:

  • 42% de chance de aumento de 50 pontos-base

 

  • 24% de probabilidade de elevação de 75 pontos-base

 

  • 20% de chances de alta de 100 pontos-base

 

A incerteza reflete os desafios da política monetária, diante das pressões inflacionárias globais e do cenário de crescimento econômico moderado.

Impacto do Leilão de Títulos do Tesouro

 

Outro fator que contribuiu para a queda das taxas dos DIs foi o volume reduzido do leilão de títulos do Tesouro Nacional.

Nesta terça-feira, o Tesouro vendeu:

  • 900 mil LFTs

 

  • 1,4 milhão de NTN-Bs

 

Na semana anterior, o volume foi maior:

  • 521,7 mil LFTs

 

  • 3,3 milhões de NTN-Bs

 

Como resultado, houve menos pressão na curva de juros, já que os investidores geralmente fazem hedge (proteção) de suas posições no mercado de DIs.

Dólar e o Cenário Global

 

O dólar também registrou queda ante o real, mesmo em meio ao avanço da guerra comercial global após Trump elevar tarifas sobre aço e alumínio.

No cenário externo, os rendimentos dos Treasuries estavam em alta, refletindo o temor de que as novas tarifas possam aumentar a inflação nos EUA.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçou que não há pressa para cortar juros, o que mantém os rendimentos dos Treasuries elevados.

🔹 O rendimento do Treasury de 10 anos subia 4 pontos-base, para 4,537%.