Parlamentares franceses votarão nesta quarta-feira (4.dez.2024) uma moção de desconfiança que poderá derrubar a coalizão liderada pelo primeiro-ministro Michel Barnier, aprofundando a crise política na França, segunda maior economia da zona do euro.
Contexto da Votação
Caso aprovada, será a primeira vez em mais de 60 anos que um governo francês será derrubado por uma votação de desconfiança. O debate no Parlamento está programado para começar às 16h (12h de Brasília), com a votação prevista para cerca de três horas depois.
O presidente Emmanuel Macron, atualmente em visita oficial à Arábia Saudita, retornará à França para acompanhar os desdobramentos.
Orçamento e Crise Política
A crise chegou ao auge após Barnier anunciar que tentaria aprovar a parte do orçamento relacionada à seguridade social sem votação parlamentar, devido à falta de apoio do partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen.
“Censurar o orçamento é para nós a única maneira que a constituição nos dá para proteger os franceses,” afirmou Le Pen ao justificar a aliança com a esquerda para apoiar a moção de desconfiança.
A coalizão minoritária liderada por Barnier enfrentou críticas tanto da esquerda quanto da extrema-direita, que, juntas, possuem votos suficientes para derrubar o governo.
Possíveis Cenários
Se a moção for aprovada, Barnier será obrigado a apresentar sua renúncia, mas Macron poderá mantê-lo como interino enquanto busca um novo primeiro-ministro, o que pode levar semanas ou até meses.
Com a aproximação do prazo de 20 de dezembro para aprovação do orçamento, um governo interino poderia propor medidas emergenciais para revisar os limites de gastos e as disposições fiscais, deixando de lado as economias planejadas por Barnier.
Reações e Impacto
O ministro das Finanças, Antoine Armand, apelou para a responsabilidade política:
“Os parlamentares devem evitar mergulhar o país na incerteza,” afirmou à France 2 TV.
A potencial queda do governo francês ocorre em um momento crítico para a Europa, com a Alemanha em período eleitoral e semanas antes de Donald Trump reassumir a presidência dos Estados Unidos, elevando as tensões geopolíticas.