O presidente argentino Javier Milei completou nesta terça-feira (10.dez.2024) um ano à frente do governo. Sua gestão trouxe mudanças econômicas significativas, como a redução da inflação, mas também um aumento preocupante na pobreza.
Economia: Redução da Inflação x Aumento da Pobreza
Ao assumir a presidência, a inflação mensal na Argentina era de 12,8% em novembro de 2023. Em outubro deste ano, caiu para 2,7%, segundo o Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos).
Por outro lado, a pobreza aumentou dramaticamente. O número de pessoas em situação de pobreza extrema alcançou 5,4 milhões (18,1% da população), enquanto 52,9% dos argentinos vivem em condições de pobreza. Isso representa 3,4 milhões de novos pobres nos primeiros seis meses da gestão Milei.
Segundo Marcio Malta, professor da UFF, “o controle da inflação se deu às custas do consumo básico da população, com políticas que privilegiaram os setores financeiros mais abastados”.
Política Interna e Rixas com a Vice
O governo Milei também foi marcado por tensões políticas, incluindo conflitos com sua vice-presidente, Victoria Villarruel, que preside o Senado. Milei acusou Villarruel de estar mais próxima da “casta” política tradicional argentina, um dos principais alvos de críticas em sua campanha.
Villarruel, em resposta, bloqueou pautas importantes no Senado, complicando a aprovação de medidas-chave do governo.
Relações Internacionais
Com Lula e o Brasil
As interações entre Milei e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva têm sido limitadas a eventos formais. Apesar das tensões políticas, as economias dos dois países permanecem profundamente conectadas, com Brasil e Argentina sendo importantes parceiros comerciais.
“A relação econômica se sobrepõe às disputas políticas,” afirma Fábio Andrade, professor da ESPM.
Com Trump e Bolsonaro
Milei mantém relações próximas com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Ambos compartilham visões de governo semelhantes, o que fortaleceu os laços diplomáticos. Trump chegou a descrever Milei como seu “presidente favorito”, e a aliança entre os dois líderes pode criar desafios diplomáticos para o governo Lula.
Balanço do Primeiro Ano
O primeiro ano de Milei foi marcado pela aprovação da Lei Ômnibus, que propunha reformas abrangentes, incluindo privatizações e desregulamentações, mas muitas promessas de campanha ficaram “pelo meio do caminho”.
A popularidade de Milei segue relativamente alta: 56% dos argentinos aprovam sua gestão, enquanto 43% a desaprovam, segundo pesquisa da Poliarquía.
Apesar disso, o aumento da pobreza e as tensões políticas internas destacam os desafios que o presidente enfrentará em 2025.