O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta sexta-feira (21) que a queda da taxa de juros não será motivada pela desaceleração da atividade econômica, mas sim pela certeza de que a política monetária está efetivamente reduzindo a inflação.
“Não vai ser a atividade que vai fazer com que a gente diminua o nível de juros, vai ser a percepção e a convicção de que está afetando o nível de inflação… Nossa meta é a inflação”, afirmou David em transmissão promovida pelo Bradesco BBI.
Efeito da política monetária e desafios para o BC
David destacou que o Banco Central acredita na eficácia da política monetária para controlar a inflação, mas mencionou que parte do mercado segue cética quanto ao impacto dos juros elevados, o que dificulta o trabalho da autarquia.
Além disso, o diretor apontou que eventos extraordinários estimularam o crescimento econômico acima das previsões iniciais, atenuando os efeitos do ciclo de aperto monetário conduzido pelo BC.
Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, e o Copom já indicou mais um aumento de 1 ponto percentual em março, com o objetivo de trazer a inflação para a meta de 3% ao ano. O cenário, no entanto, segue desafiador devido à desancoragem das expectativas inflacionárias.
Inflação deve piorar antes de melhorar
Segundo Nilton David, o índice de preços ao consumidor nos próximos meses ainda pode apresentar alta, antes de iniciar uma trajetória de queda.
“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou.
Esse cenário é preocupante porque dificulta a ancoragem das expectativas do mercado, um dos principais fatores que o Banco Central considera em suas decisões sobre os juros.
Postura do BC diante de eventuais estímulos do governo
Questionado sobre possíveis medidas do governo para impulsionar a atividade econômica, Nilton David afirmou que o BC não pode agir de forma preventiva em relação a políticas que ainda não foram implementadas.
“Subir os juros com algo que talvez aconteça não parece a política mais adequada”, afirmou.
O diretor ressaltou que o Banco Central continuará monitorando o cenário econômico e ajustando a taxa Selic conforme necessário, sem antecipar movimentos que possam não se concretizar.