Haddad defende ações do BC e Tesouro contra especulação e foco fiscal do governo

O dólar voltou a ultrapassar a marca histórica de R$ 6,00 nesta sexta-feira, registrando novo recorde com a continuidade das reações negativas do mercado ao pacote fiscal e à reforma do Imposto de Renda (IR) anunciados pelo governo.

 

Movimentação do Dólar

 

Às 9h37 AM, o dólar à vista subia 0,86%, cotado a R$ 6,0425 na venda, após atingir a máxima intradiária de R$ 6,0535 (+1,01%). Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,34%, negociado a R$ 6,030.

 

Na sessão anterior, a moeda norte-americana ultrapassou os R$ 6,00 pela primeira vez desde 1994, alcançando R$ 6,0040 na máxima e fechando a R$ 5,9910, com alta de 1,30%, estabelecendo a maior cotação nominal da história.

 

Contexto do Pacote Fiscal e Reforma do IR

 

A reação do mercado foi motivada pelo anúncio de:

 

  • Ampliação da faixa de isenção do IR para rendas de até R$ 5 mil por mês.
  • Pacote fiscal com economia projetada de R$ 71,9 bilhões em dois anos.

 

Apesar do valor do pacote atender às expectativas, a inclusão da reforma do IR gerou desconfiança sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

 

O governo planeja compensar a ampliação da isenção de IR com:

 

  • Taxação de rendimentos acima de R$ 50 mil por mês.
  • Limitação da isenção de IR para aposentados com doenças graves que ganhem acima de R$ 20 mil por mês.

 

Reações do Mercado e Análises

 

Alguns analistas criticaram a reforma, considerando-a um movimento político que compromete o ajuste das contas públicas, enquanto outros destacaram que a reação do mercado foi exagerada.

 

“A responsabilidade fiscal foi reafirmada, mas o governo precisa demonstrar que seu plano é viável para estabilizar o mercado,” afirmou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.

 

A curva de juros brasileira continuou em alta, refletindo a desconfiança dos investidores, embora os avanços fossem menos expressivos do que na sessão anterior.

 

Outros Fatores no Radar

 

Nesta sexta-feira, a disputa pela Ptax de fim de mês — referência para liquidação de contratos futuros — também contribuiu para a volatilidade.

 

O real seguia na contramão de outras moedas emergentes, que apresentavam estabilidade frente ao dólar, enquanto o mercado global permanecia com volume reduzido devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.

 

No exterior, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas, recuava 0,06%, a 106,010, com atenções voltadas às políticas comerciais do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e aos temores de guerras comerciais globais.