O dólar à vista registrava alta em relação ao real nesta quarta-feira (5), quebrando uma sequência de 12 sessões consecutivas de queda. O movimento reflete uma realização de lucros por parte dos investidores, além de fatores externos, como a queda das commodities e o avanço das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Cotação do Dólar Hoje
Por volta das 11h20, o dólar à vista subia 0,73%, sendo negociado a R$ 5,8132 na compra e R$ 5,8138 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2025 registrava alta de 0,81%, atingindo 5.827 pontos.
Na sessão anterior, o dólar fechou em baixa de 0,76%, cotado a R$ 5,7719, no menor nível desde novembro de 2024.
Principais Fatores que Influenciam o Mercado Cambial
1. Realização de Lucros e Movimento Técnico
Após uma sequência prolongada de desvalorização, o movimento de hoje reflete uma correção técnica, com investidores realizando lucros acumulados nas últimas semanas. O mercado já antecipava um ajuste, considerando a magnitude da queda recente do dólar frente ao real.
2. Desempenho das Commodities
O enfraquecimento das commodities teve um papel crucial no movimento de alta do dólar. O minério de ferro registrou queda de 0,99%, enquanto o petróleo Brent também operava em baixa, ampliando as preocupações sobre a demanda global, especialmente da China.
Como o Brasil é um dos principais exportadores de commodities, qualquer queda nos preços internacionais impacta diretamente a balança comercial, pressionando o real.
3. Tensões Comerciais Entre EUA e China
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo continua a gerar incertezas. O presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou a possibilidade de novas tarifas sobre produtos chineses, enquanto a China respondeu com medidas retaliatórias, aumentando a volatilidade nos mercados globais.
Investidores aguardam um possível diálogo entre Trump e Xi Jinping, que poderia aliviar as tensões, mas até o momento não houve confirmação do encontro.
4. Dados Econômicos Internos e Externos
No Brasil, o mercado repercute os dados da produção industrial, que recuou em dezembro, mas apresentou crescimento acumulado em 2024, acima das expectativas.
No cenário internacional, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da China mostrou desaceleração em janeiro, indicando uma possível perda de fôlego da segunda maior economia do mundo, o que impacta diretamente o Brasil devido à forte relação comercial entre os dois países.
Intervenção do Banco Central no Mercado Cambial
O Banco Central do Brasil anunciou para esta quarta-feira um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional, com o objetivo de rolar contratos que vencem em março de 2025. Essa medida busca dar liquidez ao mercado e mitigar movimentos especulativos.
Apesar disso, o impacto da intervenção foi limitado, com o dólar mantendo a trajetória de alta em função dos fatores externos.
Cotações do Dólar em Diferentes Segmentos
- Dólar Comercial:
- Compra: R$ 5,8132
- Venda: R$ 5,8138
- Dólar Turismo:
- Compra: R$ 5,822
- Venda: R$ 6,000
O dólar turismo, utilizado por pessoas físicas em viagens internacionais, mantém uma cotação superior ao dólar comercial devido aos custos de operação e impostos.
Impacto da Política Fiscal no Brasil
No cenário doméstico, o anúncio da ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, sobre o pagamento retroativo de reajustes salariais para servidores federais também movimentou o mercado. O impacto fiscal da medida gerou preocupações sobre o equilíbrio das contas públicas, especialmente em um ambiente de inflação resiliente e taxa de juros elevada.
A aprovação final da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 está prevista para março, com discussões em andamento sobre possíveis ajustes fiscais.
Expectativas do Mercado para os Próximos Dias
O mercado cambial deve permanecer volátil nos próximos dias, com atenção redobrada para:
- Negociações entre EUA e China: Qualquer avanço positivo pode aliviar as pressões atuais.
- Dados de inflação nos EUA e no Brasil: Essenciais para ajustar expectativas em relação à política monetária.
- Decisões do Banco Central do Brasil: O mercado acompanhará sinais sobre o ritmo de elevação da taxa Selic.
Além disso, o cenário político interno e externo continuará a influenciar o comportamento do dólar, com possíveis impactos no apetite por ativos de risco.