Haddad defende ações do BC e Tesouro contra especulação e foco fiscal do governo

O dólar abriu em forte alta nesta terça-feira (17.dez.2024) e ultrapassou a marca de R$ 6,16 no mercado à vista, refletindo a combinação de fatores domésticos e externos que ampliam a busca por proteção no mercado cambial. A falta de liquidez também preocupa investidores, enquanto os juros futuros registram saltos significativos.

 

Às 9h22 AM (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,80%, cotado a R$ 6,1484, enquanto o contrato futuro para janeiro recuava ligeiramente 0,09%, a R$ 6,1530.

 

Principais Motivos para a Alta Cambial

 

  1. Cenário Fiscal Doméstico:
    • A descrença sobre o controle das contas públicas persiste, com destaque para as mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) no pacote fiscal.
    • O aumento das remessas de dividendos de empresas e fundos ao exterior em dezembro também pressiona o mercado.
  2. Fatores Externos:
    • Donald Trump voltou a mencionar possíveis tarifas comerciais ao Brasil, elevando o nervosismo no mercado.
    • O aumento nos juros dos Treasuries norte-americanos e dos títulos europeus, como Gilts britânicos e Bunds alemães, fortalece o dólar globalmente.
    • O dólar também opera em alta frente a outras moedas de economias emergentes e ligadas a commodities.
  3. Falta de Liquidez:
    • A percepção de escassez de liquidez no mercado brasileiro pode levar o Banco Central a realizar leilões extraordinários de dólares para conter a volatilidade.

 

Cenário Doméstico

 

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã, teve impacto limitado no mercado, já que veio em linha com o tom mais duro da reunião da semana passada. A ata destacou:

 

  • A deterioração do cenário de inflação exigiu uma resposta mais rápida e efetiva.
  • A Selic foi elevada de 11,25% para 12,25%, e mais duas altas de mesma magnitude foram indicadas para as próximas reuniões.

 

Indicadores de Inflação

 

  • O IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desacelerou para 0,99% na segunda prévia de dezembro, contra 1,11% no mesmo período de novembro.
  • O IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,76% na segunda quadrissemana de dezembro, desacelerando ante a alta de 0,98% na quadrissemana anterior.

 

Mercado em Alerta

 

A agenda do dia também inclui o leilão de LTN e NTN-F do Tesouro (11h), que não deve adicionar grande volatilidade, pois os lotes foram previamente divulgados na semana passada para evitar oscilações excessivas.

 

Os investidores seguem atentos à votação do pacote fiscal no Senado e aos próximos passos do governo para conter a deterioração fiscal, além do cenário internacional marcado pela força do dólar e pelos juros externos elevados.