Haddad defende ações do BC e Tesouro contra especulação e foco fiscal do governo

O dólar desacelerava sua alta intradiária nesta segunda-feira (16.dez.2024), após o Banco Central (BC) realizar leilões no mercado à vista e anunciar outra oferta de linha de até US$ 3 bilhões para fornecer liquidez ao mercado. Apesar disso, a cautela com o cenário fiscal e as sinalizações de alta contínua da Selic mantêm a pressão sobre o câmbio.

 

Às 9h54 AM (horário de Brasília), o dólar à vista subia 0,36%, cotado a R$ 6,0531. No mercado futuro, o contrato para janeiro avançava 0,20%, para R$ 6,0615.

 

Leilões do BC e Cenário Fiscal

 

O BC anunciou os leilões após o dólar atingir a máxima intradiária de R$ 6,0986 (+1,12%), refletindo a demanda sazonal de fim de ano para remessas de dividendos ao exterior. No entanto, o mercado segue atento à votação do pacote fiscal de R$ 70 bilhões no Senado, prevista para esta semana antes do recesso parlamentar, além das votações da LDO e da LOA.

 

“O mercado está atento à articulação do governo para aprovar as medidas antes do recesso, mantendo o clima de volatilidade,” destacou Fernando Bergallo, diretor da FB Capital.

 

A alta hospitalar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também chamou atenção, com o mandatário reiterando críticas à Selic elevada, que subiu para 12,25% na última reunião do Copom. Lula defendeu que a inflação está “controlada” e classificou os aumentos dos juros como “irresponsáveis”.

 

Perspectiva de Juros

 

O mercado ajustou suas expectativas após o Copom sinalizar mais dois aumentos de 1 ponto percentual, com a Selic podendo atingir 14,25% em março de 2025, o maior patamar desde 2016.

 

O Boletim Focus, divulgado hoje, prevê que a Selic termine 2025 em 14%, e 2027 em 10%. Para o IPCA de 2025, a mediana subiu para 4,60%, acima do teto da meta, enquanto para 2026 e 2027, as projeções se mantiveram em 4% e 3,66%, respectivamente.

 

Destaques no Exterior

 

No cenário internacional, os investidores monitoram:

 

  • Dados mais fracos de vendas no varejo da China, que levaram Pequim a prometer políticas fiscais mais proativas e estímulos ao consumo em 2025.
  • Expectativa por decisões de juros de grandes bancos centrais, com o Federal Reserve devendo cortar 0,25 ponto percentual na quarta-feira (18.dez.2024) e o Banco da Inglaterra mantendo taxas na quinta-feira.
  • Christine Lagarde, presidente do BCE, reforçou que o relaxamento monetário continuará, com a inflação da zona do euro se aproximando da meta de 2%.

 

Conclusão

 

O dólar segue influenciado por fatores domésticos, como o cenário fiscal e as incertezas sobre a Selic, e externos, como as políticas monetárias globais. A volatilidade deve persistir enquanto os investidores aguardam definições importantes, como a ata do Copom e a decisão do Fed.