O Brasil ainda enfrenta riscos econômicos significativos, e o dólar pode voltar a subir em 2025, alcançando entre R$ 6,40 e R$ 6,50 até o final do ano, segundo uma nota enviada ao mercado nesta quarta-feira (8) pelos estrategistas Thierry Wizman e Gareth Berry, do Macquarie.
Apesar de uma ligeira valorização do real no início deste ano, impulsionada por uma redução nas preocupações sobre o cenário fiscal, o país ainda não está “fora de perigo”. A clareza sobre as contas públicas para 2025 trouxe algum alívio, mas o otimismo pode se dissipar rapidamente caso as expectativas de crescimento econômico não sejam atendidas.
Perspectivas fiscais e risco de desilusão
Segundo a Macquarie, o foco do mercado em um Produto Interno Bruto (PIB) mais robusto tem sustentado o sentimento positivo em relação ao Brasil. No entanto, qualquer decepção com o crescimento econômico, seja por choques internos ou externos, pode reacender as preocupações sobre a dívida pública.
Os estrategistas alertam que o déficit primário realista em 2024 não deve ser menor que 0,4% do PIB, acima do limite tolerado pelo governo, de 0,25%. Embora esse valor possa parecer modesto em padrões internacionais, a falta de credibilidade para alcançar um saldo primário neutro (0,0%) em um contexto de juros reais elevados aumenta a percepção de risco entre investidores.
“A necessidade de um saldo fiscal mais forte em um cenário de juros altos é o que mantém os investidores sensíveis, pressionando as taxas reais no Brasil”, afirmaram Wizman e Berry.
Políticas fiscais e a confiança do mercado
O pacote de cortes de gastos anunciado pelo governo tem sido visto como insuficiente para equilibrar as contas públicas. Além disso, especialistas destacam a necessidade de um aumento de impostos para alcançar a meta fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o déficit deve ser de 0,1% do PIB, mas excluindo gastos relacionados ao desastre no Rio Grande do Sul.
Segundo o Macquarie, o otimismo com as receitas do governo pode se dissipar rapidamente caso o crescimento esperado do PIB não se materialize, colocando mais pressão sobre a moeda brasileira e aumentando a vulnerabilidade econômica do país.