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O Bradesco (BVMF:BBDC4) revisou para baixo sua projeção de crescimento da atividade econômica brasileira em 2025, ao mesmo tempo em que elevou suas expectativas para a inflação. A nova previsão foi divulgada nesta quarta-feira (5) em relatório direcionado a clientes e ao mercado, refletindo o cenário de desaceleração da economia e pressões fiscais persistentes.

 

Previsão de Recessão na Segunda Metade de 2025

 

O banco aponta que os sinais de desaceleração da atividade econômica se tornaram mais evidentes, reforçando a expectativa de que o país possa enfrentar uma recessão técnica na segunda metade do ano.

 

“A formação bruta de capital fixo tende a ser a mais afetada pelo atual ambiente de juros elevados, após um ano de forte aceleração. Já o consumo das famílias encontrará algum suporte na massa salarial, mas apresentará desaceleração em função do aumento da taxa de desemprego e da menor expansão do crédito”, destaca o relatório.

 

Essa projeção negativa é atribuída ao impacto da política monetária restritiva, com juros elevados afetando principalmente o investimento produtivo e a capacidade de expansão das empresas.

 

Revisão das Projeções Econômicas

 

O Bradesco fez ajustes significativos em suas projeções macroeconômicas:

 

  • PIB (Produto Interno Bruto) de 2025: Revisado de 2,2% para 1,9%, refletindo a expectativa de menor crescimento na economia.

 

  • Inflação (IPCA) para 2025: A projeção subiu de 4,9% para 5,7%, em razão das pressões inflacionárias ligadas ao câmbio e aos preços de alimentos.

 

  • Taxa Selic: Mantida em 14,75%, com expectativa de pico em 15,25% no meio do ano.

 

  • Dólar: Estimativa mantida em R$ 6,00, refletindo a expectativa de volatilidade no mercado de câmbio.

 

O banco também prevê que o ciclo de aperto monetário continuará ao longo de 2025, com o objetivo de conter a inflação, mas com impactos negativos sobre o crescimento da atividade econômica.

 

O Papel da Dívida Pública e da Política Fiscal

 

O Bradesco reforça que a trajetória da dívida pública é um dos principais fatores de risco para o cenário econômico brasileiro. O banco destaca que, enquanto não houver uma perspectiva clara para a estabilização da dívida, o país continuará sujeito a forte volatilidade nos preços de ativos, nas expectativas do mercado e no próprio desempenho da economia real.

 

“A trajetória para a dívida pública brasileira segue sendo o principal fator determinante do cenário. Enquanto não houver clara perspectiva para sua estabilização, os preços de ativos, as expectativas e a própria economia estarão sujeitas a forte volatilidade”, argumenta o relatório.

 

Embora o arcabouço fiscal tenha contribuído para controlar o crescimento das despesas públicas, o banco considera que a velocidade de consolidação fiscal é insuficiente para garantir um ambiente econômico estável no médio prazo.

 

Riscos e Desafios para 2025

 

Entre os principais riscos destacados pelo Bradesco estão:

 

  • Cenário fiscal incerto: A ausência de medidas concretas para conter o crescimento da dívida pública aumenta a vulnerabilidade da economia.

 

  • Inflação persistente: O aumento dos preços de alimentos e da energia pode manter a inflação acima da meta do Banco Central.

 

  • Taxa de desemprego: O aumento da taxa de desemprego pode afetar o consumo interno e desacelerar ainda mais o PIB.

 

  • Volatilidade internacional: A guerra comercial entre EUA e China, além das políticas de juros nos Estados Unidos, pode gerar impactos sobre o câmbio e a inflação no Brasil.

 

O Bradesco também destaca que o crescimento da economia global mais fraco pode impactar negativamente o Brasil, especialmente devido à sua dependência das exportações de commodities.

 

O Que Esperar da Política Monetária e Fiscal?

 

O relatório aponta que, apesar do tom mais rígido do Banco Central em sua última ata do Copom, ainda há espaço para ajustes na política monetária caso a inflação continue a surpreender para cima.

 

No campo fiscal, o banco enfatiza a necessidade de reformas estruturais e de uma política mais agressiva de controle de gastos públicos para garantir a sustentabilidade da dívida e reduzir a volatilidade do mercado.

 

“Vale destacar que o arcabouço fiscal até cumpriu o papel de trazer a despesa pública para o nível anterior ao da pandemia e que o impulso fiscal em 2025 será menor do que nos anos anteriores, mas a velocidade de consolidação fiscal é percebida como insuficiente”, conclui o relatório.

 

Impacto no Mercado e Perspectivas

 

As revisões feitas pelo Bradesco reforçam o tom de cautela que já domina o mercado financeiro, com o Ibovespa e o câmbio refletindo as incertezas sobre o cenário fiscal e monetário. Investidores devem monitorar de perto a evolução da política econômica, bem como eventos externos que possam afetar o Brasil.

 

A manutenção da Selic em patamares elevados pode atrair fluxos de capital para a renda fixa, enquanto o mercado de ações poderá enfrentar desafios adicionais devido à redução das expectativas de crescimento.