O Ibovespa operava em queda nesta terça-feira, 6 de fevereiro, pressionado por um cenário externo desafiador, marcado pela escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além da repercussão da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. O documento trouxe um tom mais rigoroso em relação à condução da política monetária, gerando cautela entre investidores.
Por volta das 11h10, o principal índice da bolsa brasileira recuava 0,89%, atingindo 124.848,66 pontos, com um volume financeiro de 2,75 bilhões de reais no pregão.
Ata do Copom: Sinalização de Aperto Monetário Prolongado
O Banco Central divulgou a ata da reunião realizada na semana passada, quando a taxa Selic foi elevada de 12,25% para 13,25% ao ano, com sinalização de novo aumento na próxima reunião, prevista para março. O documento destacou riscos relevantes para o controle da inflação, incluindo:
- Desancoragem das expectativas de inflação;
- Sobre-aquecimento da economia brasileira;
- Impacto de políticas econômicas sobre o câmbio.
Para os economistas do Itaú BBA, liderados por Mario Mesquita, ex-diretor do BC, o tom da ata foi mais duro do que o comunicado divulgado após a decisão. Em relatório enviado a clientes, a equipe destacou:
“O texto, de forma adequada, destaca a preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e indica que o Copom está atento a sinais de uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica, o que não é o cenário-base do BC – nem o nosso.”
O Itaú também pontuou que o BC reconhece um possível aumento da taxa neutra de juros devido a uma política fiscal mais expansionista, o que pode exigir uma postura mais rigorosa da política monetária.
Tensões Comerciais EUA-China Aumentam Volatilidade
No cenário externo, o foco dos investidores está nas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos contra a China, além da resposta do governo chinês, que também adotou medidas retaliatórias. Esse embate comercial tem potencial para impactar o crescimento global, afetando diretamente países emergentes, como o Brasil.
Apesar do alívio temporário com a suspensão das tarifas dos EUA sobre o México e o Canadá, a volatilidade nos mercados globais permanece elevada, diante da incerteza sobre o desfecho das negociações comerciais.
Segundo a equipe da Ágora Investimentos:
“O tema global continua sendo o ‘tarifaço’ praticado pelo novo presidente americano, Donald Trump, e suas possíveis consequências para o comércio internacional.”
Destaques do Pregão
- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3): Forte queda de 4,99%, em uma sessão de correção após ganhos expressivos na semana anterior. O recuo também reflete o impacto da alta nas taxas de juros futuros, que afeta empresas do setor de consumo.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4): Desvalorização de 1,71%, acompanhando a queda dos preços do petróleo Brent no mercado internacional (-1,65%). A estatal divulgou uma queda de 10,5% na produção de petróleo e gás no quarto trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
- VALE ON (BVMF:VALE3): Recuo de 0,18%, em meio à falta de referência dos contratos futuros de minério de ferro na China devido ao feriado local. O mercado continua monitorando os efeitos da guerra comercial entre EUA e China, que pode impactar a demanda global por commodities.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4): Queda de 0,42%, na véspera da divulgação do balanço do quarto trimestre. SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) (-0,77%) também divulga resultados amanhã. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuava 0,78%, enquanto o BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) registrava leve baixa de 0,22%.
- WEG ON (BVMF:WEGE3): Alta de 0,5%, entre as poucas ações em território positivo, após dois dias de perdas consecutivas que acumularam queda de 4,4%.