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O Bank of America (BofA) alertou nesta quarta-feira (5) que a economia brasileira deve desacelerar nos próximos meses, impactada pelo efeito prolongado da política monetária restritiva do Banco Central. O relatório, assinado pelo estrategista David Beker e pelos economistas Natacha Perez e Gustavo Mendes, aponta que os primeiros sinais dessa moderação já estão visíveis em diversos indicadores econômicos.

 

Após um ano de crescimento robusto, o BofA destaca que a atividade econômica vem perdendo força, com queda na produção industrial, aumento do desemprego e redução na expansão do crédito.

 

Produção Industrial e Atividade Econômica em Queda

 

O relatório do BofA aponta que a produção industrial de dezembro mostrou um arrefecimento na margem, reforçando a tendência de desaceleração para os próximos meses. Segundo os analistas, esse enfraquecimento ocorre porque o impacto positivo do impulso fiscal de 2024 está se dissipando, ao mesmo tempo em que a política monetária mais rígida começa a frear a atividade econômica.

 

Além disso, o Indicador Coincidente de Atividade do BofA, que mede o desempenho geral da economia, caiu de 14 pontos em dezembro para apenas 2 pontos em janeiro, reforçando a expectativa de desaceleração.

 

Mercado de Trabalho Também Sinaliza Desaceleração

 

Outro ponto de atenção é o aumento do desemprego registrado em dezembro, que fortalece a percepção de uma economia em perda de tração. O banco sugere que, caso os indicadores de atividade continuem em queda nos próximos meses, ficará mais evidente que essa desaceleração não é transitória, mas sim uma consequência estrutural da política monetária.

 

Juros Elevados e o Impacto na Economia

 

O ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central é apontado como o principal responsável pelo esfriamento da economia. O BofA destaca que a contribuição da massa monetária para a atividade econômica passou de positiva para negativa, o que sugere um impacto cada vez maior da Selic elevada na contenção da demanda.

 

Desde o início do ciclo de alta de juros, o Banco Central tem mantido a Selic em patamares elevados para combater a inflação. Atualmente, a taxa está em 13,25% ao ano, após um novo aumento de 1 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A projeção do mercado é que a Selic possa atingir 15,25% ao ano nos próximos meses, o que manteria um cenário ainda mais restritivo para o crescimento.

 

Perspectivas do Bank of America para 2025

 

O BofA reforça que a desaceleração da economia brasileira pode se intensificar caso os dados de atividade econômica continuem piorando. Se isso ocorrer, o mercado pode revisar suas projeções para o crescimento do PIB de 2025, que atualmente variam entre 1,5% e 2%.

 

Os analistas do banco também ressaltam que o comportamento da política fiscal será essencial para definir o ritmo de crescimento nos próximos meses. Caso o governo mantenha uma postura expansionista, pode haver algum alívio no curto prazo, mas, por outro lado, isso aumentaria os desafios para a estabilidade da dívida pública e o controle da inflação.

 

Para o BofA, o cenário base é de um crescimento econômico mais moderado em 2025, com o impacto dos juros altos sendo cada vez mais evidente na economia real.