A Argentina encerrou 2024 com uma taxa de inflação de 117,8%, marcando uma queda histórica em relação aos 211,4% registrados no ano anterior, conforme dados divulgados nesta terça-feira, 14, pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Essa redução representa a maior desaceleração em décadas e simboliza um marco político para o presidente Javier Milei, que assumiu a Casa Rosada em dezembro de 2023 prometendo controlar a inflação galopante.
Medidas de austeridade fiscal
Entre as principais ações do governo Milei estão cortes significativos em despesas públicas. O presidente reduziu o número de ministérios pela metade, suspendeu a maior parte das obras públicas e diminuiu os repasses para saúde, educação e províncias. Embora controversas, essas medidas produziram resultados econômicos concretos: no terceiro trimestre de 2024, a Argentina saiu da recessão, com o PIB crescendo 3,9%.
Desempenho mensal e setorial
Em dezembro de 2024, a inflação mensal foi de 2,7%, um leve aumento de 0,3 ponto percentual em relação a novembro. Setores como habitação, água, eletricidade e gás registraram altas de até 5,3%, enquanto categorias como equipamentos domésticos e vestuário apresentaram variações mínimas, trazendo alívio aos consumidores.
O Banco Central da Argentina reduziu a taxa básica de juros de 35% para 32%, reforçando a confiança nos mercados financeiros. Em comunicado, a entidade destacou:
“As expectativas de baixa inflação se consolidaram.”
Setores em crescimento
Além da queda na inflação, o consumo interno voltou a crescer, impulsionado por avanços nos setores de agricultura (+13,2%) e mineração (+6,6%). Esses resultados indicam que algumas áreas estratégicas continuam robustas, mesmo em meio às políticas de austeridade.
Um marco para o governo Milei
Em pronunciamento, Javier Milei celebrou os resultados como uma virada histórica:
“Estamos virando a página de décadas de descontrole econômico.”
Apesar do otimismo, analistas alertam que a sustentabilidade dessas políticas dependerá de ajustes contínuos, equilíbrio entre contenção fiscal e estímulo ao crescimento, e a manutenção da confiança dos mercados no longo prazo.