O dólar à vista operava em queda nesta sexta-feira, caminhando para a sétima semana consecutiva de baixa, à medida que investidores demonstravam alívio com o anúncio das tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O mercado interpretou que a medida foi menos agressiva do que o esperado, abrindo espaço para negociações comerciais.
Às 9h40 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,57%, cotado a R$ 5,7353. Na semana, a moeda acumulava queda de 0,99%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,26%, sendo negociado a R$ 5,762.
Alívio nos mercados com anúncio de Trump
Após dias de expectativa, Trump detalhou na quinta-feira um plano para aplicar tarifas recíprocas contra qualquer país que imponha taxas sobre produtos norte-americanos. No entanto, o anúncio não trouxe medidas concretas, apenas a orientação para que sua equipe comercial estude essas tarifas e barreiras comerciais.
Esse posicionamento indicou aos investidores que as tarifas recíprocas podem ser mais moderadas do que o esperado ou até mesmo nem entrarem em vigor, o que reduziu a incerteza nos mercados globais.
Como resultado, o dólar perdeu força frente a várias moedas emergentes, como o real brasileiro, o rand sul-africano e o peso mexicano. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas, caiu 0,12%, para 106,960.
Analistas destacam que a escalada tarifária dos EUA poderia gerar uma guerra comercial global e pressionar os preços internos, tornando necessário que o Federal Reserve mantivesse os juros elevados para conter a inflação. Com o tom mais ameno adotado por Trump, esse cenário perdeu força.
“Existe uma percepção entre os operadores que Trump tem adotado uma postura mais flexível e menos agressiva do que se esperava na questão das tarifas, visto que a retórica durante a campanha eleitoral foi bastante firme”, afirmou Leonel Mattos, analista da StoneX.
Desvalorização do dólar no Brasil
No Brasil, o dólar segue em tendência de baixa desde o início de 2025, acumulando queda de 7,2% no ano. O movimento reflete, em parte, a correção após fortes altas no fim de 2024, quando temores fiscais impactaram a moeda brasileira.
O cenário doméstico tem sido marcado por uma ausência de notícias sobre o quadro fiscal, embora preocupações com a inflação permaneçam. O índice de preços encerrou 2024 acima do teto da meta do Banco Central, e há sinais de que 2025 pode seguir o mesmo caminho.
Durante a sessão, investidores também avaliavam declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o crescimento econômico brasileiro voltará a surpreender os analistas neste ano e que, na economia, é necessário “fazer o óbvio”, sem adotar medidas inesperadas.