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O dólar voltou a subir frente ao real nesta sexta-feira (7), revertendo as perdas da sessão anterior. O movimento ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar novas ameaças tarifárias contra vários países, gerando incertezas no mercado e aumentando a busca por ativos considerados mais seguros.

 

Às 14h52, o dólar à vista registrava alta de 0,39%, cotado a R$ 5,7873. Apesar disso, a moeda ainda acumula queda de 0,82% na semana. No mercado futuro, o contrato de dólar de primeiro vencimento subia 0,34%, a R$ 5,806.

 

Trump Anuncia Novas Tarifas e Abala os Mercados

 

Falando na Casa Branca ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Trump confirmou que anunciará novas tarifas recíprocas sobre diversos países na próxima semana. O anúncio havia sido antecipado por uma reportagem exclusiva da Reuters algumas horas antes.

 

Se concretizadas, essas tarifas representarão mais uma escalada na guerra comercial global, consolidando a promessa feita por Trump durante sua campanha presidencial de que os EUA imporiam tarifas recíprocas às importações para igualar as taxas que os parceiros comerciais aplicam sobre os produtos norte-americanos.

 

Impacto no Mercado Cambial

 

A resposta dos mercados foi imediata. Minutos após a divulgação da notícia, o dólar reverteu suas perdas iniciais e passou a operar em alta globalmente. O impacto foi ainda maior quando Trump reforçou a ameaça de aumentar as tarifas caso outros países não ajustem suas políticas comerciais.

 

O raciocínio por trás dessa movimentação está na possibilidade de aumento da inflação nos EUA devido às tarifas de importação, o que poderia forçar o Federal Reserve (Fed) a manter os juros elevados por mais tempo. Essa perspectiva eleva a atratividade dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) e impulsiona o dólar globalmente.

 

O rendimento do Treasury de dois anos—um dos principais termômetros das expectativas para a política monetária dos EUA—subiu 7 pontos-base, para 4,281%.

 

O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas fortes, subia 0,48%, atingindo 108,180.

 

Desdobramentos da Guerra Comercial

 

Nos últimos dias, o governo dos EUA já havia aplicado tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá e de 10% sobre mercadorias chinesas. Após negociações, as tarifas contra o México e o Canadá foram suspensas por um mês, enquanto as medidas contra a China permanecem em vigor desde terça-feira.

 

A China respondeu com retaliações, aplicando novas tarifas sobre carvão, gás natural liquefeito (GNL), petróleo bruto e equipamentos agrícolas norte-americanos. Além disso, o governo chinês iniciou uma investigação antimonopólio contra o Google, da Alphabet.

 

Esses desdobramentos aumentam a incerteza no mercado financeiro e mantêm a volatilidade elevada, especialmente nos países emergentes, como o Brasil, que costumam sofrer com fluxos cambiais mais instáveis em períodos de tensão global.

 

Reação Inicial ao Payroll e a Volatilidade do Dólar

 

Antes do impacto das declarações de Trump, o dólar operava em queda após a divulgação dos dados do relatório de empregos dos EUA (Payroll), que veio abaixo das expectativas. A economia norte-americana criou 143 mil vagas de emprego em janeiro, número inferior à projeção de 170 mil.

 

Inicialmente, a reação dos investidores foi considerar que o mercado de trabalho norte-americano está desacelerando, o que poderia aumentar as chances de um corte nos juros pelo Fed, favorecendo moedas emergentes como o real.

 

No entanto, o mercado mudou de postura quando os investidores perceberam que a taxa de desemprego nos EUA caiu para 4,0%, reforçando a narrativa de que o mercado de trabalho continua resiliente. Esse fator levou os operadores a reduzirem as apostas em cortes de juros pelo Fed em 2025, favorecendo novamente o dólar.

 

O dólar chegou a atingir a mínima da sessão em R$ 5,7354 (-0,51%) às 12h36, mas reverteu o movimento após o impacto da retórica protecionista de Trump.

 

Perspectivas para o Dólar no Brasil

 

  • Expectativas de juros nos EUA: Se o Fed mantiver os juros elevados por mais tempo, o dólar pode continuar ganhando força globalmente.

 

  • Guerra Comercial: Qualquer escalada nas tensões entre EUA, China, México e Canadá pode gerar nova volatilidade cambial.

 

  • Decisões do Banco Central do Brasil: O diferencial de juros entre Brasil e EUA segue sendo um fator chave para atratividade do real.

 

  • Fluxo de Investimentos Estrangeiros: O saldo positivo recente na B3 indica entrada de capital, mas incertezas podem reverter esse movimento.

 

Os mercados seguem atentos aos próximos passos de Trump e às reações de outros países à nova rodada de tarifas, que podem continuar ditando o rumo da moeda americana no curto prazo.