O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira, 4 de fevereiro, a ata da sua última reunião, reforçando o compromisso com o ajuste da taxa básica de juros. O documento confirma o guidance de mais um aumento de 100 pontos-base na próxima reunião, o que levaria a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, em linha com o comunicado apresentado anteriormente.
O comitê destacou a desancoragem das expectativas de inflação, a resiliência da atividade econômica e as pressões no mercado de trabalho como fatores de preocupação, indicando que o ciclo de aperto monetário deve continuar no curto prazo.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião“, destacou o documento.
Contexto da Última Decisão
Na reunião da semana passada, o Copom decidiu, de forma unânime, elevar a Selic em 100 pontos-base, de 12,25% para 13,25% ao ano, confirmando a sinalização feita anteriormente. O aumento teve como objetivo conter as pressões inflacionárias persistentes e ancorar as expectativas do mercado.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego“, afirmou o comitê.
Principais Pontos de Preocupação do Copom
O Copom destacou uma série de fatores que justificam a continuidade do ciclo de alta dos juros:
- Expectativas de Inflação Desancoradas: O comitê demonstrou preocupação com a dificuldade de alinhar as expectativas de inflação à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
- Resiliência da Atividade Econômica: A economia brasileira tem mostrado sinais de robustez, o que pode manter as pressões inflacionárias por mais tempo.
- Pressões no Mercado de Trabalho: O baixo nível de desemprego e o aumento dos salários em alguns setores contribuem para o aquecimento da demanda interna.
- Taxa de Câmbio Volátil: O comportamento do câmbio, influenciado por fatores internos e externos, continua sendo um vetor relevante para as pressões de preços.
- Hiato do Produto: O comitê está atento ao nível de utilização da capacidade da economia, que pode intensificar as pressões de demanda sobre os preços.
Próximos Passos da Política Monetária
Apesar da sinalização de mais um aumento de 100 pontos-base, o Copom deixou claro que as decisões futuras dependerão da evolução do cenário econômico, adotando uma postura de maior flexibilidade.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária“, afirmou o BC.
O comitê também ressaltou que continuará avaliando projeções de inflação, expectativas do mercado, o comportamento do hiato do produto e o balanço de riscos para orientar suas decisões.
Projeções de Inflação do Banco Central
O Banco Central atualizou suas projeções para a inflação:
- Inflação acumulada em quatro trimestres em 2025: 5,2%
- Inflação projetada para o terceiro trimestre de 2026: 4,0%
Esses números permanecem acima da meta de inflação de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que justifica a continuidade da política monetária restritiva.