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O Bitcoin e outras grandes criptomoedas registravam forte queda nesta segunda-feira, refletindo a deterioração do sentimento do mercado após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de novas tarifas sobre produtos da China, Canadá e México. Às 7h50 (horário de Brasília), o Bitcoin recuava cerca de 4%, sendo negociado a US$ 96.038.

 

Embora o Bitcoin seja frequentemente visto como um ativo de proteção contra a inflação, o impacto das tarifas comerciais trouxe um cenário econômico que, paradoxalmente, levou à sua desvalorização.

 

Impacto das Tarifas Comerciais no Bitcoin

 

As tarifas impostas por Trump tiveram um efeito direto nos mercados globais, gerando incertezas econômicas e fortalecendo o dólar. Embora muitos investidores associem o Bitcoin a uma reserva de valor em tempos de inflação, o atual movimento de queda tem causas específicas:

 

  • Fortalecimento do Dólar: O aumento das tarifas impulsionou o dólar, tornando-o mais atrativo em relação a outros ativos, inclusive o Bitcoin.

 

  • Expectativas de Inflação: As tarifas aumentam os custos de importação, pressionando a inflação. Em vez de beneficiar o Bitcoin, essa situação reduziu as chances de cortes nas taxas de juros, o que diminui a liquidez global.

 

  • Aperto Monetário: Com menos chances de cortes de juros pelo Federal Reserve, o fluxo de capital para ativos de risco, como o Bitcoin, diminui.

 

De acordo com analistas do Bernstein, liderados por Gautam Chhugani, o mercado cripto ainda se comporta de forma semelhante a outros ativos de risco, especialmente no curto prazo. “Essa liquidação não é surpreendente, considerando que o Bitcoin mantém uma correlação com o apetite ao risco global,” afirmaram.

 

O Bitcoin e Sua Correlação com Ativos de Risco

 

Embora o Bitcoin tenha conquistado uma reputação de “ouro digital”, sua correlação com ativos de risco permanece relevante, principalmente em momentos de crise:

 

  • Mercado Cripto como Termômetro de Risco: O Bitcoin funciona como um termômetro do apetite ao risco, especialmente nos fins de semana, quando outros mercados estão fechados.

 

  • Volatilidade de Curto Prazo: O Bitcoin ainda não é imune aos movimentos macroeconômicos e tende a reagir rapidamente a mudanças nas políticas monetárias e fiscais globais.

 

No entanto, historicamente, o Bitcoin mostra resiliência e tendência de recuperação após períodos de volatilidade, principalmente quando o cenário fiscal global pressiona as moedas fiduciárias.

 

Perspectivas para o Bitcoin Após o Choque Inicial

 

Apesar da queda atual, o Bernstein projeta que o Bitcoin retornará a uma trajetória de valorização, impulsionado por seus fundamentos de longo prazo:

 

  • Forte Demanda Institucional: Em janeiro de 2025, os ETFs de Bitcoin registraram uma entrada líquida de US$ 5,3 bilhões, indicando um fluxo anual projetado de US$ 70 bilhões.

 

  • MicroStrategy em Ação: A MicroStrategy (BVMF:M2ST34 / NASDAQ:MSTR) continua sua estratégia de acumulação, comprando cerca de US$ 2,5 bilhões em Bitcoin recentemente.

 

  • Adoção Governamental: O governo dos EUA explora o estabelecimento de reservas nacionais de Bitcoin, enquanto a revogação da SAB 121 deve abrir caminho para que mais bancos apoiem o mercado cripto.

 

O cenário fiscal dos EUA, mesmo com possíveis melhorias, continuará marcado por altos níveis de dívida, o que favorece o Bitcoin como reserva de valor a longo prazo.

 

O Papel do Bitcoin em um Mundo Geopoliticamente Volátil

 

O impacto das tarifas de Trump pode ter repercussões que vão além da economia americana. O Bernstein destaca que, em resposta às tensões comerciais:

 

  • Governos Estrangeiros podem aumentar suas reservas de ativos alternativos, incluindo ouro e Bitcoin.

 

  • A adoção do Bitcoin como ativo de reserva por parte do governo dos EUA pode inspirar outros países a seguirem o mesmo caminho, diversificando suas reservas internacionais para mitigar riscos econômicos.

 

Enquanto o Bitcoin enfrenta desafios de curto prazo, sua proposta como um ativo descentralizado e resistente à política monetária tradicional continua a atrair investidores institucionais e, cada vez mais, governos globais.