O dólar abriu em alta nesta terça-feira (21), recuperando parte das perdas do dia anterior. O movimento reflete o retorno das preocupações com a possibilidade de uma política comercial agressiva por parte do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A moeda norte-americana também acompanhou os ganhos observados nos mercados globais.
Cenário internacional e a política de Trump
Às 9h38 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,21%, cotado a R$6,0546. No mercado futuro, o contrato de primeiro vencimento subia 0,46%, negociado a R$6,063.
O índice do dólar, que mede o desempenho da divisa frente a uma cesta de seis moedas fortes, registrava alta de 0,62%, atingindo 108,660, após ter acumulado queda de 1,2% na segunda-feira, na maior perda diária desde o final de 2023.
No primeiro dia do governo Trump, investidores reagiram inicialmente com alívio após relatos de que não haveria a imposição imediata de novas tarifas. No entanto, declarações posteriores do presidente, sugerindo tarifas de 25% sobre México e Canadá a partir de 1º de fevereiro, reacenderam temores de um impacto inflacionário global e uma possível escalada comercial.
Reflexos para o Brasil e câmbio doméstico
Analistas acreditam que o Brasil, assim como outros países emergentes, poderá ser alvo das próximas medidas protecionistas. Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, ressaltou que o cenário atual está “mais estressado”, com expectativas de desdobramentos diretos sobre o real.
“Logo a seguir, a gente espera que vá para cima de Brasil, China e os demais países. O dólar tende a se valorizar mais nos próximos dias,” afirmou Avallone.
A falta de notícias sobre o cenário fiscal brasileiro segue como uma das principais preocupações do mercado. Desde o final de 2024, o tema tem influenciado diretamente o comportamento do câmbio.
Ações do Banco Central
Na véspera, o Banco Central realizou dois leilões de linha, somando US$2 bilhões, na primeira intervenção no câmbio sob a gestão de Gabriel Galípolo. Em dezembro, o BC já havia vendido US$32,6 bilhões para atender à tradicional demanda de fim de ano, com remessas de recursos ao exterior por empresas e fundos.