Haddad defende ações do BC e Tesouro contra especulação e foco fiscal do governo

Com investidores atentos ao aguardado pacote de contenção de gastos do governo brasileiro, o banco BTG Pactual apontou três possíveis abordagens para o ajuste fiscal. De acordo com a equipe econômica da instituição, liderada por Mansueto Almeida, medidas estruturais podem melhorar a percepção do mercado sobre o cenário fiscal do Brasil.

“A qualidade das medidas será crucial para determinar o impacto do anúncio nos ativos financeiros,” destacou o relatório divulgado a clientes e ao mercado.

 

Três Possíveis Formas de Ajuste Fiscal

 

O BTG elencou as seguintes categorias para as propostas de ajuste fiscal:

  1. Medidas Estruturais:
    Alterações nas regras de concessão e indexação de benefícios sociais e outras despesas obrigatórias.
  2. Flexibilidade Orçamentária:
    Transformar despesas obrigatórias em discricionárias, reduzindo o engessamento do orçamento e ampliando a margem para ajustes.
  3. Pente-fino e Redução de Riscos:
    Revisões detalhadas para evitar gastos futuros excessivos, embora com menor impacto imediato.

 

Medidas Específicas Propostas

 

Entre as medidas que podem ser implementadas, o banco destacou:

  • Crescimento real do salário mínimo entre 0,6% e 2,5%, limitando o impacto no aumento de despesas.
  • Limitação do acesso ao seguro-desemprego para quem ganha até 2 salários mínimos, com no máximo 3 parcelas.
  • Exclusão de sobreposição de beneficiários entre o BPC e o Programa Bolsa Família.
  • Reformulação do abono salarial, com foco em quem recebe até 1,5 salário mínimo.
  • Controle no crescimento das emendas parlamentares, alinhando-as às regras do arcabouço fiscal.
  • Mudanças no Fundeb, com limites à complementação da União e ajustes no uso dos recursos para educação.
  • Revisão dos patamares mínimos constitucionais para os setores de saúde e educação.
  • Alterações nas regras do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
  • Pente-fino nos critérios do Bolsa Família.

 

Cenário em Análise

 

O BTG ressalta que desvincular benefícios sociais do salário mínimo, como os previdenciários, é fundamental para enfrentar o engessamento das despesas públicas. Contudo, mesmo medidas mais modestas podem prolongar a viabilidade do arcabouço fiscal.

 

Essas ações, se implementadas, poderiam criar um horizonte de maior sustentabilidade para as contas públicas e contribuir para a estabilização do cenário macroeconômico no médio prazo.